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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Crises

As letras sempre tiveram importância fundamental na minha vida. Já comentei que leio desde pequena e amo ler e escrever.
Percebo que a letra escrita vem ganhando espaço e função social cada vez maiores. Até pouco tempo a comunicação era predominantemente oral. Ouvíamos histórias, ouvíamos rádio, ouvíamos os outros.
Hoje lemos na internet, lemos na tv, no jornal, no ônibus, no rótulo das embalagens.
Importante ressaltar que continua sendo fundamental ouvir os outros, ouvir histórias, deixar a imaginação fluir. Mas percebe que a necessidade por ler bastante e rápido cresceu rapidamente?
Você que lê essas linhas mal traçadas, teve que ler muito até chegar aqui.
E eu escrevo pra mim e pra ti.E a partir de relações entre as músicas, livros, pessoas, filmes e experiências vividas. Sempre tem citações escondidas. A vida é feita dessas conexões.
Comunicar-se é intrínseco ao ser humano. Desde antes de andar sobre duas pernas, eu acho.
E parece cada vez tarefa mais difícil: fazer-se entender e entender o outro.
Penso nisso quando ouço o "tlulu" do msn do vizinho de porta e o máximo que nos comunicamos foi "oi", por educação.
Muitos já falaram sobre isso: conversamos com amigos da India, dos EUA, do Rio, de Minas, de SP, de Videira, da cidade natal, mas não falamos com os seres de carne e osso que passam por nós todos os dias. Não dirigimos a palavra à moça da portaria que vemos quatro vezes por semana na faculdade. Particularmente, pergunto "tudo bem?" a alguns amigos quando eles fazem aquela cara de "fazer o quê" e abraço eles. Mas ao mesmo tempo sou muito estúpida com muita gente. Também não sei o porquê. Estou analisando isso para modificar.
É uma das tantas crises com a qual me deparo. De me observar comportamentos que condeno. De ser ansiosa, de não gostar de ficar esperando (eu nasci de 9 meses como a maioria). Mas parece que ansiedade é uma doença do momento. Desse momento doido de não saber parar, de correr pra lá e pra cá, de fazer, fazer, fazer.
Os gregos, que descobriram tantas coisas, escreveram obras iluminadas que lemos até hoje, tinham tempo. Mas o Chronos é o mesmo, que seguirá devorando seus filhos ad eternum. Chamam isso de 'ócio criativo', mas é parar e observar mesmo. Heráclito teve a lúcida ideia sobre o rio provavelmente observando vários dias, com calma.
Hoje querem que a gente faça tudo ao mesmo tempo, leia os lançamentos, saiba das últimas notícias, faça vários cursos, sempre atualizado! E tempo para processar tudo isso? Para analisar, conectar, refletir, escrever sobre...
Falo sobre muitas coisas ao mesmo tempo. Vou conectando as ideias, os sentimentos....
Conectem-se, pessoas. O mundo fica melhor com reciprocidade.