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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O dia em que tomamos café da manhã por 1,5 €

Meu inesquecível presente de aniversário de 30 anos foi uma viagem à Praga, oferecida pelo meu namorado, Guillaume.
Fomos de carro, várias horas na estrada, parando, tirando fotos, curtindo a paisagem branca.
Chegamos a Praga, vista maravilhosa, arquitetura grandiosa, paisagem deslumbrante! Um lugar para ir, definitivamente.
Como o leitor deve ter percebido pelo título, não vou discorrer aqui sobre as maravilhas de Praga, já que todos que lá pisam se apaixonam (podem ter um gostinho no blog da minha amiga Day http://minhasviagensvia.blogspot.com.br). A ideia aqui é contar um fato inusitado: a falta de dinheiro em Praga.
Primeiro achar um caixa eletrônico foi tarefa árdua: muitas quadras caminhando. E estava -5º, na noite de 6ª feira, depois de dirigir o dia todo. O clima estava meio tenso, já estávamos com fome e não tinhamos coroas tchecas para pagar o jantar. De acordo com o Gui, não era qualquer lugar que aceitava o cartão dele. Por isso,  não dava para curtir a paisagem. Fomos caminhando, caminhando, perguntando e só havia caixas de câmbio, com um aviso "tax free". O que na verdade é uma mentira, já que a taxa está embutida na cotação. O Gui verificou vários e a taxa estava muito alta e ele não quis trocar. Continuamos caminhando e achamos um caixa eletrônico. O câmbio não estava tão favorável quanto ele esperava, então trocou só uma parte.
Finalmente jantamos: cerveja tcheca (Chanson), lula à milanesa e salada.
No sábado, encontramos um banco de verdade e trocamos o restante do dinheiro calculado para esta viagem. Compramos lembrancinhas, visitamos a feira de Natal, muitas fotos, muitos lugares, um almoço maravilhoso com comida típica... Tudo maravilhoso! Até um imprevisto com o trem. Não sabíamos onde comprar o tíquete, não havia ninguém para dar informação. Insisti para tentar ir assim mesmo, perguntei para uma pessoa na plataforma que disse não haver controle. Seria como no meu 1º dia em Augsburg. Andei uma vez sem tíquete e quando desci comprei o semanal. Mas havia controle. O guarda nos cobrou a multa: 40 € por pessoa. Eu, brasileira, tentei explicar porque não tínhamos comprado, que podíamos subir e descobrir como fazia e comprar o tíquete. Mas o guardinha foi irredutível: já andaram, agora multa. Fiquei eu pensando... se fosse no Brasil, eu toda simpática, talvez o guarda não cobrasse a multa e deixasse comprar o tíquete depois de andar... Lição aprendida!! Bem, com isso se foi uma boa parte do dinheiro previsto para o resto do dia.
No domingo ainda faltava conhecer o gigantesco castelo. Mais caminhadas, fotos e uma vista espetacular. O almoço foi um cachorro-quente, então planejamos jantar. No shoping perto do hotel havia uma variedade interessante de comidas: grega, indiana e argentina. Fomos na parrillada e já estávamos na reserva. Mas conseguimos aproveitar um bom jantar.
Por tudo isso, sobrou 1,5 € para comprar o café da manhã do último dia, antes de pegar a estrada de volta para a Alemanha. Esse valor é correspondente a 38 coroas tchecas. Compramos 4 pães a 6 coroas cada (pensem em euros e calculem o quanto é barata a comida em Praga!) e um pacote de biscoito por 9 coroas. Tínhamos suco no hotel e queijo. E assim foi nosso último café da manhã comprado com os últimos euros do bolso.

 E olhando Praga pela janela. Não tem preço.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Diferenças culturais - no voo

Voando no Brasil, sempre encontrei uma tripulação simpática, prestativa, que agradece por existirmos. No voo para Lisboa encontrei uma tripulação prestativa, competente e seca. Voei de TAP e todos tinham sotaque de Portugal.
Uma aeromoça cutucou muito um passageiro até acordá-lo por causa da "inclinação" da cadeira. Não dão retorno após um pedido, apenas entregam o que foi solicitado sem nem um olhar. E tudo muito rápido. Peço o café e não consigo pedir o açúcar.
No voo entre Lisboa e Munique, outra tripulação portuguesa, mas misturada. Mas estes eram muito simpáticos. Prestativos, rápidos e com o diferencial do cuidado no atendimento.
Todos falavam português, inglês e alemão e não se sabe mais qual a nacionalidade. Hoje em dia está cada vez mais difícil afirmar: esse é português, esse é alemão.
O mundo está cada vez mais parecido com a linda mistura do Brasil.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Voando novamente para a Alemanha

Depois de uma extensa preparação para minha mais longa viagem - tanto de trajeto quanto de permanência - embarco. Estou frente a três longos voos: Florianópolis para Rio [com 5 horas de espera], Rio para Lisboa [10 horas de voo] e Lisboa para Munique [três horas saindo 40 minutos atrasado].
Mas toda viagem, por mais cansativa e longa, sempre apresenta boas surpresas.
No Rio consegui wifi grátis oferecida pela Infraero. Alguns minutos tentando cadastro e procurando o número do voo [há vários números num bilhete internacional] e conectada! É difícil não poder dar notícias para os queridos que estão torcendo por mim ou para o Gui, esperando por mim há meses. O inusitado foi ajudar os gringos a ter acesso. As informações do site para cadastro e conexão estavam somente em português, não havia muita propaganda do serviço [acho que nós brasileiros sempre tentamos encontrar uma wifi dando sopa] e realmente acertar o número do bilhete é mais complicado que parece. E todos vinham falar comigo no seu idioma materno: como se não estivéssemos no Brasil, como se eu não fosse brasileira, como se todo o planeta falasse inglês. Acho servilismo o brasileiro sempre tentar se virar na língua do outro dentro do próprio país [ao mesmo tempo que isso é de uma generosidade e carisma imensos] e os gringos não se esforçam para falar a língua local [fato em ampla modificação: cada vez mais estrangeiros estão estudando português, mas isto será outro post]. Enfim, ajudei uma moça com aparência asiática [em inglês], uma argentina [em espanhol] e um rapaz não sei da onde. Ninguém perguntou: "Do you speak in english?". Mas muito gentis, pedindo desculpas por me interromper e agradecendo muito a ajuda.
Aqui na Alemanha eu não tento falar em português com ninguém, exceto com o Gui, porque estuda o idioma, e com uma menina do Stammtisch que está estudando português. No geral, pergunto se a pessoa fala inglês e me desculpo por não falar o alemão.
Não sei até que ponto essa postura é individual ou cultural. Mas me sinto na obrigação de me fazer entender. E parece que os estrangeiros estão começando a enxergar os outros também.