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sábado, 21 de setembro de 2013

A vida no interior

Em agosto de 2013 houve uma nova mudança em minha vida. Fui chamada para uma vaga de concurso e me mudei para Ibirama, no Alto Vale, no norte do estado de Santa Catarina.
É uma cidade de 17 mil habitantes, sem cinema, sem shopping, sem agito. Mas também sem violência, sem assaltos, sem desrespeito.
Sim, estou exagerando, mas os índices são realmente muito baixos.
Ilustro a situação com a minha nova realidade no Instituto: os alunos saem da sala para o almoço e deixam nas mesas a mochila, o estojo, os livros. As salas ficam abertas e nunca some nada. Na sala dos professores também. Ficam as bolsas, os computadores, os livros e todos os objetos pessoais. Ninguém mexe, ninguém pega sem devolver. Se alguém precisa de um grampeador, pega, usa e depois devolve, dizendo que precisou usar e pedindo desculpa por não ter pedido antes.

Não vou esquecer meu primeiro dia de trabalho, quando fui apresentada a todos e, ao caminhar pela sala dos professores, vi mesas vazias com computadores ligados; vi capacete de moto em cima da mesa; vi óculos de sol fora da caixa. E a visão continua: pelo pátio, bicicletas sem correntes; carros sem travas de segurança; guarda-chuvas do lado de fora da sala. Depois de um mês ainda vejo essas cenas e começo a me acostumar. Mas no primeiro dia em que fui de bicicleta fiquei insegura: deixo aqui? Assim mesmo, só largo e saio? E quando voltei ela estava lá, do mesmo jeito.

Pela cidade as pessoas trancam os carros, mas volta e meia vejo um senhor deixar o carro aberto na frente de uma mercearia porque só vai parar pra pegar uma coisinha.
Ninguém se atropela nas ruas, os carros param na faixa de segurança, não se vê correria, não se vê pedintes, não se vê meninos de rua.
Pode faltar muita coisa por aqui, mas dignidade e segurança não faltam.