A criação de "conteúdo" selfie e o padrão das redes sociais

A internet parece se formar a partir de padrões. É através dela que as tribos se encontram e pessoas que se sentiam perdidas e não pertencentes a nenhum grupo acabam encontrando os outros perdidos por aí.

Mas algo que me incomoda - e muito - é a pessoa que se autodenomina criadora de conteúdo e o tal "conteúdo" são fotos diárias dela mesma, basicamente na mesma posição e no mesmo cenário. Isso é conteúdo? Pra mim é mais uma coleção 3x4 brega. O pior é que esse tipo de perfil cresce. Não sei porque, mas há muita gente na internet que gosta de ver fotos dos outros.

Eu também gosto, mas vejo fotos não só pela pessoa, mas também pelos cenários diferenciados, pelas poses, pelas roupas, pela proposta, pela mensagem que a pessoa quis transmitir através daquela foto. E pode ser uma selfie. Mas não sempre a mesma, por favor!

E a repetição. Vejo muita gente crescendo porque se repete. Algo que ela fez deu certo e agora ela faz isso à exaustão. E os outros ainda copiam. E os perfis crescem. Mas, gente?!

Cadê a busca pela originalidade, pela individualidade? Perfis que são mais ecléticos parecem não atrair tanto público. É o tal nicho. Parece que cada um tem que achar sua caixinha - e uma só, hein - e se enquadrar nela. Senão pulveriza o interesse do público e não chama a atenção.

E eu continuo usuária e - por que não - criadora de conteúdo nesse mundo maluco.

O drama feminino. Ou sobre como sobreviver sem a casa estar impecável.

Hoje vendo uns stories de uma criadora de conteúdo que sigo no IG comecei a ficar reflexiva sobre uma questão que ela traz, polêmica segundo ela: finalmente ela conseguiu trabalhar nos projetos dela e deixar a limpeza da casa de lado por umas semanas. Olhem só, ela descobriu agora que não morre por ficar numa casa bagunçada e dar prioridade para o trabalho. Coisa que a maioria dos homens sempre fez. 

Por que recai na mulher ter que estar sempre limpando, arrumando e deixando a casa organizada, impecável como se ninguém morasse lá? Parece casa de mostruário de loja.

E isso toma muito tempo e, por isso, muitas mulheres não conseguem se dedicar a outras coisas. Enquanto isso, os homens se dedicam a trabalhar e a ganhar dinheiro. Lembrem-se que mulheres ganham dinheiro também. Só estou questionando porque essa pressão costuma recair sobre nós.

Por que as mulheres se sentem nessa obrigação de manterem a casa impecável? Impecável pra quem? Por que essa cobrança de manter tudo arrumado sempre? Por que tudo impecável? Pra quem? Por que esse perfeccionismo de não conseguir sair do quarto sem a cama arrumada?

Mais mulheres precisam descobrir que podem trabalhar nas suas coisas e deixar a casa pra depois. Eu sempre fiz isso. Minha carreira sempre foi minha prioridade.

Tem muita vida pra viver e coisas mais importantes pra fazer do que ficar sempre limpando... Não que eu viva num chiqueiro, mas a resposta é: estaria suja igual se tivesse limpado na semana passada ou há três semanas. E não teria feito o trabalho.

Vamos valorizar o trabalho doméstico, tanto o remunerado quanto o não remunerado.

Revisão

Procurando um livro na minha biblioteca particular, encontrei um exemplar do Jornal Literário do IFC Ibirama com o qual contribuí revisando em 2018.

Revisão sempre me agradou. Descobri que sou boa nisso em 2010, quando comecei a revisar um jornal em São José, onde morava na época. Trabalhava diretamente com a repórter, revisando os textos dela para esse jornal. Aprendi muito nesse tempo.

Depois comecei a me aventurar a revisar tcc, dissertações e teses. Dava uma trabalheira... Era revisão e formatação junto, além de colocar tudo na ABNT. Até hoje tenho obsessão em ver tudo certinho nas normas da ABNT (a loka!). 

Encontrar esse Jornal me trouxe boas lembranças. Memórias de boas parcerias com colegas, de produção de conhecimento, insights de matérias, conversas com estudantes sobre seus textos... Foi lido ver estudantes tornando-se autores.

Quem sabe retomo o projeto um dia.

Enquanto isso, fiquem com a foto da capa: